terça-feira, 18 de junho de 2013

Opinião – E as Montanhas Ecoaram de Khaled Hosseini


Titulo: E as Montanhas Ecoaram
Autor: Khaled Hosseini

Titulo Original: And the Mountains Echoed
Ano de Publicação Original: 2013

Editora: Editorial Presença
Ano: 2013
Tradução: Manuel Alberto Vieira e Alberto Gomes
Páginas: 392
ISBN: 978-972-23-5058-7

Para mais informações sobre o livro E As Montanhas Ecoaram, clique aqui

Sinopse: 1952. Em Shadbagh, uma pequena aldeia no Afeganistão, Saboor é um pai que um dia se vê obrigado a tomar uma das decisões mais difíceis da sua vida: vender a filha mais nova, Pari, a um casal abastado em Cabul e assim poder continuar a sustentar a restante família. A separação é particularmente devastadora para Abdullah, o irmão mais velho que cuidou de Pari desde a morte da mãe de ambos. Nenhum dos dois imaginava que aquela viagem até à capital iria instalar um vazio nas suas vidas que seria capaz de atravessar décadas e quilómetros e condicionar os seus destinos... Neste seu terceiro romance, Khaled Hosseini traz-nos uma belíssima e comovente saga familiar que reflete sobre como os laços que nos unem sobrevivem aos obstáculos que a vida nos impõe.

Opinião: Depois de ter estado uma eternidade "encalhada" na leitura do Dom Quixote, por motivos que explicarei quando terminar a sua leitura, tive necessidade de fazer uma pausa e pegar noutro livro, coisa que não é habitual em mim. Foi assim que peguei neste E as Montanhas Ecoaram de Khaled Hosseini.

Começo por dizer que apesar de ter o Mil Sóis Resplandecentes na minha pilha de livros por ler, este foi o primeiro livro que li deste autor e fiquei rendida. Para além de outros motivos que explicarei de seguida, gosto particularmente de autores que nos falam de países que não conheço e provavelmente nunca virei a conhecer como é o caso do Afeganistão. Embora a história deste livro se passe em imensos lugares do planeta, é o Afeganistão, os seus hábitos, povo e cultura que melhor são caracterizados no livro, o que para mim é sempre uma mais-valia.

A história começa de facto por ser, como indicado na sinopse, a de Pari e Abdullah, da sua família e das circunstâncias adversas que levam à venda de Pari, e à brutal separação do seu irmão mais velho. No entanto logo a partir do segundo capitulo a história cresce, alarga-se a vários dos personagens secundários que passam a principais e têm a oportunidade de nos contar a sua história, do seu ponto de vista. É de facto uma saga familiar que percorre cerca de 60 anos de História, contada por diversos dos seus membros, pois embora nem todos os personagens sejam da mesma família, existe sempre um elo que os liga uns aos outros.

Gostei imenso da forma como a narrativa está estruturada, mudando de narrador a cada capítulo, e repleta de saltos temporais, que nos obrigam permanentemente a encaixar os vários capítulos e personagens na história, como peças de um enorme puzzle. Esta estrutura bem conseguida, aliada a uma magnífica capacidade imaginativa do autor (que achei um exímio contador de histórias) faz com seja um livro que nunca perde o interesse, pelo contrário agarra-nos de mansinho no início e damos por nós cada vez mais entusiasmados com o avançar dos capítulos.

As personagens são excelentes e muito bem caracterizadas. Adorei o facto de nenhuma ser totalmente "herói" ou "vilão", pelo contrário aquelas que nos pareceram desprezíveis num primeiro olhar na maior parte das vezes tornam-se admiráveis mais à frente, sob outro ponto de vista. As que nos são apresentadas inicialmente como genuínas e admiráveis apresentam-nos os seus medos, cobardias e fraquezas que só as tornam mais humanas.

Deixo um pequeno excerto:

"Aprendi que o mundo não via o nosso interior, que não se importava minimamente com as esperanças e magoas e sonhos que jaziam disfarçados por pele e osso. Era assim tão simples, tão absurdo e tão cruel quanto isso. Os meus pacientes sabiam isto. Viam que, muito daquilo que eram, seriam ou poderiam ser, dependia da simetria da sua estrutura óssea, do espaço entre os olhos, do comprimento do queixo, da projecção da ponta do nariz, se tinham ou não um ângulo nasofrontal ideal.
A beleza é uma enorme dádiva imerecida, concedida de forma aleatória, estupidamente."
(pág. 315)

Resumindo, adorei o livro, recomendo sem reservas e a quem ainda não fez participem no passatempo que está a decorrer até 21/06, vale a pena.


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