quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Cantinho do Poeta



O poeta desta semana é de Filipe Marinheiro. Deixo-vos um poema sem titulo, de que gostei bastante...








sem título 3

fecho os olhos
abro-me nos teus como uma balada impune no seu sangue
oscilante

entretido percorro-te, estremeço-me nas veias singulares
depois com a ponta da língua
afável caligrafia reponho as cordas giratórias

e andas no meu imenso chão
um chão embalado p'los nossos sorrisos de cetim
só teu, só meu a transformar-se

porém nunca a concluir ou terminar salvo esse romance
nada súbito a apertarem violetas durante
jactos perfumados

decerto uma bondade eterna
eis donde chegam os meus afectos

e nas artérias de seda cristal
crias novas meigas cores novos ligeiros ares
novos amantes tons
novos endurecidos ruídos
novo auroreal amor para eu continuar a ver

a ver-te debruçada sobre mar transparente
com veludo de orvalho entre os poros
a ver-nos encalhados continuando a moldar
brancos banhos

como numa nossa gargalhada
a dormir no cume de videntes astros adentro
só dessa maneira
estaremos destinados a tais grandes coisas

Filipe Marinheiro

(Poema extraído do livro “Silêncios” (2013), da Chiado Editora).


Filipe Marinheiro nasceu em Coimbra a  30 de Julho de 1982, embora resida em Aveiro. Em Dezembro de 2013, publicou o seu segundo livro, “Silêncios”. Em Março do mesmo ano publicou "Um Cândido Dilúvio * Acto I / Sombras em Derivas * Acto II", ambos da Chiado Editora. 




1 comentário:

  1. Parabéns, Filipe Marinheiro. Que o mar da Poesia esteja sempre activo, com ondas de sucesso, com sal quanto baste, para temperar com o maior êxito a Poesia.

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