terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Opinião – Eu, Malala de Malala Yousafzai e Christina Lamb

Malala Yousafzai e Christina Lamb
Titulo: Eu, Malala
Autor:  Malala Yousafzai e Christina Lamb

Titulo Original: I Am Malala
Ano de Publicação Original: 2013

Editora: Editorial Presença
Ano: 2013
Tradução: Maria de Almeida; António Carlos Andrade; Cristina Carvalho
Páginas: 351
ISBN: 9789722351737

Para mais informações sobre o livro Eu, Malala, clique aqui

Sinopse: No dia 9 de outubro de 2012, Malala Yousafzai, então com 15 anos, regressava a casa vinda da escola quando a carrinha onde viajava foi mandada parar e um homem armado disparou três vezes sobre a jovem. Nos últimos anos Malala - uma voz cada vez mais conhecida em todo o Paquistão por lutar pelo direito à educação de todas as crianças, especialmente das raparigas - tornou-se um alvo para os terroristas islâmicos. Esta é a história, contada na primeira pessoa, da menina que se recusou a baixar os braços e a deixar que os talibãs lhe ditassem a vida. É também a história do pai que nunca desistiu de a encorajar a seguir os seus sonhos numa sociedade que dá primazia aos homens, e de uma região dilacerada por décadas de conflitos políticos, religiosos e tribais. Um livro que nos leva numa viagem extraordinária e que nos inspira a acreditar no poder das palavras para mudar o mundo.

Opinião: Biografias não são um género de livro que leia muito frequentemente, acho mesmo que nunca tinha lido uma biografia de alguém tão jovem. Mas esta é uma menina cuja, ainda curta, vida está mais repleta de acontecimentos marcantes e trágicos que muitos idosos, pelo que na minha opinião é perfeitamente justificável escrever uma  biografia aos 16 anos.

Como a maioria de vós, antes de pegar neste livro já sabia um pouco da história de Malala, mas este livro fala-nos da sua infância, da sua determinação e coragem, da vontade de aprender, da sua família e de todo o ambiente que a rodeia no Paquistão e no final em Inglaterra. Tinha lido recentemente um livro que falava da vida dos emigrantes paquistaneses em Inglaterra, pelo que gostei de ler este outro ponto de vista do país. Aqui vemos o Paquistão pelos olhos de alguém que nele habitou quase toda a sua vida, que teve de lutar diariamente pelos direitos mais básicos de qualquer criança, que se viu forçada da pior forma possível a abandoná-lo, mas ainda assim anseia pelo regresso com uma saudade imensa de um lugar que aos seus olhos é incomparavelmente belo.

Fiquei com uma enorme admiração por esta menina, comoveu-me a forma simples como vê o mundo, a sua vontade de aprender. Quando pensamos na rotina diária das nossas crianças, na forma como muitas delas encaram a educação e a comparamos com a realidade de alguém como Malala, há um fosso gigantesco a separá-las. É para nós impensável que uma criança tenha de batalhar pelo direito à educação, pondo inclusive a sua vida em risco, mas infelizmente esta realidade existe.

Como obra literária este livro não é uma obra prima, mas penso que também não seria essa a intenção. A narração dos acontecimentos nem sempre é fluída, por vezes o ritmo é quebrado com o "despejar" de demasiada informação sobre a História do Paquistão. Mas apesar disso, é um bom livro pela história que nos conta, vale a pena ficar a conhecer um ser humano tão inspirador como Malala. Recomendo como tal esta leitura a todos que queiram conhecer melhor esta menina guerreira, e especialmente se forem estudantes, acho que vos fará encarar o ensino de uma outra perspectiva.

Deixo-vos um pequeno excerto, um poema adaptado por Martin Niemöller, um pastor luterano alemão que viveu durante o regime Nazista. No livro Malala diz-nos que o pai o costumava transportar no bolso.

"Primeiro vieram buscar os comunistas,
e eu não me insurgi porque não era comunista.
Depois vieram buscar os socialistas,
e eu não me insurgi porque não era socialista.
Depois vieram buscar os sindicalistas,
e eu não me insurgi porque não era sindicalista.
Depois vieram buscar os judeus,
e eu não me insurgi porque não era judeu.
Depois vieram buscar os católicos,
e eu não me insurgi porque não era católico.
Depois vieram buscar-me a mim,
e não restava ninguém para se insurgir por mim."

(pág.155)


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